Com apenas 3% do mercado mundial de dispositivos móveis, a Microsoft ainda sofre para fazer vender seus smartphones com sistema Windows. De acordo com o site Business Insider, porém, a empresa pode estar a caminho de reverter esse quadro desenvolvendo sua própria versão do Android, sistema operacional de código aberto do Google.
Ao contrário de fabricantes como Samsung, LG e Sony, a versão da Microsoft seria mais semelhante ao Windows em interface e aplicativos. Em vez de rodar os programas de e-mail, armazenamento em nuvem e edição de arquivos do Google, por exemplo, o sistema viria de fábrica com os apps da própria Microsoft, como o Outlook, o buscador Bing e o player de áudio Groove, além da suíte de produtividade Office.
As "pistas" de que a Microsoft está interessada em se aproximar ao Android podem ter sido deixadas ao longo dos últimos meses. Em abril, a equipe responsável pelo CyanogenMod - versão customizada do Android mais popular do mundo - anunciou uma "parceria estratégica" com a dona do Windows, para que seus usuários "tenham acesso a aplicativos e serviços essenciais, incluindo produtividade, troca de mensagens, utilidades e armazenamento em nuvem" da Microsoft.
Além disso, a empresa já é dona de ao menos quatro startups que, de alguma forma, contribuíram para o ecossistema de apps no Android: Acompli (e-mail), Sunrise (calendários), Wunderlist (listas de tarefas) e Double Labs - criadora de uma das telas de bloqueio mais populares do sistema do Google. É com base nessa última aquisição que a Microsoft criou o aplicativo de segurança Next, também para Android.
Outro indício seria a resposta que Julie Larson-Green, executiva de produtos da Microsoft, deu ao jornal The Australian quando questionada se a empresa estaria disposta a criar um celular Android. "Nós vamos aonde nossos clientes estiverem", respondeu ela.
Curiosamente, a Microsoft já lançou (indiretamente) um celular com o sistema concorrente: o Nokia X, lançado no início de 2014, que substituía os aplicativos do Google por aqueles integrados ao Windows. Contudo, o produto não só decepcionou em vendas como foi criticado por possuir um software "com numerosos problemas de performance", segundo o review do site Engadget.
Será?
O principal problema do Windows em celulares é a ainda fraca oferta de aplicativos compatíveis. Muitos desenvolvedores não se empenham em criar versões de seus apps para o sistema da Microsoft já que ele corresponde a apenas 3% do mercado global. Em contrapartida, os aparelhos da empresa não vendem justamente porque não têm apps. Isso cria um ciclo vicioso difícil de romper.
Contudo, é preciso encarar a possibilidade de um Android da Microsoft com muita desconfiança. Afinal, a empresa acaba de lançar a mais recente versão de seu sistema Windows, um que agora se adapta a qualquer plataforma, incluindo mobile, e com uma arquitetura muito mais amigável aos desenvolvedores do que versões anteriores.
O esforço da Microsoft em rechear computadores de todo o mundo com o Windows 10 é visível, assim como seu empenho em deixar claro que a versão para celulares será a mesma (com ressalvas, é claro) que a dos PCs. Pensando nisso, é pouco provável que a empresa esteja mesmo disposta a abrir mão de todo o trabalho com seus próprios produtos para simplesmente "abraçar" a solução mais fácil.
Uma patente registrada pela Microsoft em abril pode indicar um caminho alternativo. O documento relata uma proposta de "diferentes níveis de inicialização de sistema operacional que possam oferecer ao usuário acesso rápido a funções específicas em dispositivos móveis". Em outras palavras, trata-se de um dual-boot no smartphone que possa iniciar Android e Windows 10 Mobile ao mesmo tempo, por exemplo.
Por enquanto, porém, não há sinais claros de qualquer mudança no atual cenário em curto prazo. Os primeiros smartphones com Windows 10 - o Lumia 950 e o Lumia 950 XL - chegam ao mercado em novembro. Já para outros aparelhos, o sistema estará disponível até o fim deste ano. Portanto, se de fato se tornar realidade, um dispositivo da Microsoft com Android não deve ser anunciado tão cedo.
Fonte: Olhar Digital
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