A partir do dia 1° de setembro, empresas estrangeiras que tenham armazenados dados de cidadãos russos serão obrigadas a guardar essas informações na Rússia. O Google já conseguiu encontrar uma plataforma adequada para seus servidores no país, mas o Facebook decidiu boicotar o pedido das autoridades russas. A Gazeta Russa foi tentar descobrir o que pode acontecer em caso de descumprimento da lei.
Segundo Aleksandr Voljinski, arquiteto-chefe do servidor russo Informzachita, até hoje, a maioria dos dados dos cidadãos russos em empresas russas e estrangeiras era armazenado e processado nos países com os serviços de hospedagem mais avançados: Alemanha, Inglaterra, França e Estados Unidos. Com a nova diretriz, essas informações deverão ser transferidas para servidores na Rússia.
Quase todos os gigantes mundiais de tecnologia da informação optaram pela transferência dos dados para servidores russos. O Google, por exemplo, já assinou um contrato para colocação do seu equipamento na Rússia, nos centros de dados da Rostelecom, e a Apple prometeu a transferência de dados até o dia 1º de janeiro de 2016. As empresas Samsung, Lenovo e IBM também anunciaram a migração de dados para a Rússia, assim como os principais varejistas, serviços e sistemas de pagamento online (veja a tabela abaixo).
Segundo a Associação Russa de Comunicações Eletrônicas (RAEC, na sigla em russo), 54% das empresas estrangeiras contatadas se mostraram prontas para transferir os dados para a Rússia. "É difícil avaliar o quanto cada uma das empresas já progrediu na transferência de dados, mas provavelmente muitas delas já estão em fase de conclusão das operações", disse uma fonte do mercado de TI.
Falta de estrutura
Apesar da grande adesão, mais de um quarto das empresas estrangeiras não conseguirá cumprir os requisitos necessários até o dia 1° de setembro devido à estrutura insuficiente.
De acordo com uma fonte do mercado de TI, a transferência dos usuários implica também a transferência da infraestrutura de serviços. As empresas terão que garantir não apenas as capacidades técnicas para o armazenamento de dados, mas também encontrar novos funcionários, e tudo isso requer um investimento adicional.
"O custo geral total para grandes empresas pode chegar a vários milhões de dólares", disse Aleksandr Volkinski.
Segundo ele, entre as principais despesas estão a compra de servidores e sistemas de armazenamento, serviços de engenharia, sistemas de proteção de dados, equipamento dos canais de comunicação e licenciamento de software. Por exemplo, para o Google, que assinou um contrato com a Rostelecom, o aluguel do espaço para o seu próprio servidor custará 108 mil rublos por mês.
Segundo a avaliação de especialistas, essas grandes empresas necessitarão de um número de servidores que poderá oscilar entre algumas centenas e mil.
Facebook na Rússia
No dia 26 de agosto, a mídia russa informou que o Facebook não pretende transferir os dados dos cidadãos russos tal como determinado pela nova lei. Isso ficou claro depois da reunião entre o representante da empresa, Thomas Myrup Christensen, e o diretor do Roskomnadzor (Serviço Federal de Supervisão das Comunicações, Tecnologia da Informação e Meios de Comunicação), Aleksandr Jarov. O órgão governamental confirmou a informação, mas disse que o Facebook não se recusou oficialmente a instalar servidores na Rússia.
No entanto, como explicou uma fonte da Gazeta Russa no mercado de TI, o Facebook vai insistir que as informações que possui dos usuários não são dados pessoais. "São os próprios usuários que inserem os seus dados nos sistemas de informação e, portanto, os reconhecem como disponível ao público. Além disso, essa informação é armazenada de modo que os dados se encontram divididos segundo diferentes recursos informáticos e, individualmente, eles não podem ser claramente atribuídos a um usuário em particular", explicou a fonte.
O Roskomnadzor garantiu que as sanções em caso de descumprimento da nova lei não serão aplicadas até o final do ano. Desse modo, as empresas estrangeiras receberam uma prorrogação até 1° de Janeiro de 2016, mas de acordo com especialistas entrevistados pela Gazeta Russa o trabalho de transferência de dados leva de seis a 24 meses, o que torna bastante difícil terminar o processo dentro do prazo estipulado.
"As grandes empresas provavelmente conseguirão cumprir os prazos ou, caso não consigam, a porcentagem de trabalho remanescente não será maior do que 10 ou 15%. Isso é ditado pelo desejo dessas empresas em permanecer no mercado russo, mesmo sob as novas exigências", acredita Vojinski.
Fonte: Gazeta Russa
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