Seu telefone sabe mais sobre você do que você imagina.
Ele sabe por onde você andou e com quem você estava, sabe qual foi o presente de aniversário que você comprou para sua mãe e em quem você pretende votar. Sexo ontem à noite? Ele também sabe disso se você estiver usando um dos aplicativos para casais que estão tentando engravidar.
Dos aplicativos pré-instalados que contam o número de passos às senhas guardadas de contas bancárias e de redes sociais, os smartphones evoluíram de aparelhos que fazem ligações a serem depósitos digitais com os detalhes mais íntimos de sua vida.
"É possível extrair do telefone de uma pessoa comum informação suficiente para criar um clone virtual desse indivíduo", disse Elad Yoran, presidente do conselho executivo da Koolspan, uma empresa de segurança de comunicações. "Os aparelhos são janelas não apenas para nossa vida pessoal, mas também para nossas vidas profissionais".
E, como mostra a batalha entre o FBI e a Apple, eles se tornaram minas de ouro para os investigadores. O FBI ganhou na Justiça uma ordem para que a Apple ajude a desbloquear um iPhone usado por Syed Rizwan Farook, que atirou em dezenas de colegas de trabalho em dezembro durante um evento corporativo em San Bernardino, na Califórnia, matando 14 deles.
A Apple está contestando a decisão judicial, montando um caso altamente público contra o que considera uma exigência fora dos limites do governo e em defesa da privacidade. A empresa alerta que qualquer coisa que fizer para anular a criptografia de seus smartphones poderia ajudar os hackers.
Localização dos filhos
"É provável que haja mais informações sobre você em seu telefone do que em sua casa", disse o CEO da Apple, Tim Cook, à ABC News na semana passada. "Nossos smartphones estão repletos de nossas conversas particulares, de nossos dados financeiros, de nossos registros de saúde. Em muitos casos, eles também estão cheios de informações sobre a localização dos nossos filhos".
Estima-se que as 7,3 bilhões de pessoas do planeta possuem atualmente 3,4 bilhões de smartphones. Esse número deve chegar a 6,4 bilhões até 2021, de acordo com a empresa de comunicações Telefonaktiebolaget LM Ericsson. Os telefones são potentes, processam uma quantidade maior de informações mais rapidamente do que os computadores da NASA usados para colocar o homem na Lua.
Isso permite que eles realizem um impressionante leque de funções e coletem grandes quantidades de dados.
Há um registro das ligações feitas e recebidas, de mensagens de textos, fotos, listas de contatos, compromissos do calendário, histórico de navegação na internet e notas, assim como do acesso a contas de e-mail, bancos e sites como Amazon, Facebook, Twitter e Netflix, disse Yoran, da Koolspan.
Compartilhamento de dados
A maioria dos usuários não percebe até que ponto o próprio telefone está conectado ao mundo exterior porque as contas permanecem conectadas automaticamente, disse Mike Murray, vice-presidente de pesquisa de segurança da empresa de segurança de aparelhos móveis Lookout.
Os telefones também podem revelar segredos corporativos. Murray disse que muitas empresas Fortune 500 têm um aplicativo móvel para telefones que permite que os funcionários se conectem a redes através de uma rede virtual particular.
Todos esses dados podem ser valiosos para a polícia. James Comey, diretor do FBI, disse aos parlamentares na semana passada que o telefone de Farook poderia ajudar a desvendar o mistério de onde ele esteve durante 18 minutos após o tumulto. Apesar de terem vasculhado câmeras de segurança e entrevistado testemunhas, os agentes não conseguiram descobrir aonde ele e a esposa foram antes de serem identificados pela polícia em um SUV alugado, perseguidos e depois mortos em um tiroteio.
Comey disse que é consciente da necessidade de privacidade.
Yorgen Edholm, CEO da empresa de segurança cibernética Accellion, disse que a capacidade de monitorar uma pessoa, de passar-se por ela e até de manipulá-la através de um smartphone mostra a necessidade de estar atento à segurança e de ter cuidado para que o governo não passe dos limites.
"Eu chamo o smartphone de aparelho ciborgue, porque ele está muito conectado a nós", disse Edholm. "Se o governo quisesse uma chave de criptografia para mim, seria meu smartphone".
Fonte: UOL Tecnologia
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